quinta-feira, 12 de junho de 2008

Malandrice de Santo António!

És talvez dos solteirões
o que mais me faz palpitar
Não sei se por andares de safões
Ou se por me pores a suar!

Vê tu bem, Cardoso amado
Que até ando de abanico
Desmancha-me o penteado
E leva-me ao bailarico.

Anda dai, Perpétua querida
Solta a fera que há em ti
Alça a perna, mesmo dorida
E rola comigo no ti-ti-ti

És tão linda, tão formosa
Coisa mais perfeita não há
Gosto tanto que sejas gulosa
Que até te levava ao Seará

Ai cardoso, tanta atenção
Levas-me a mim à loucura
Cuidado com a inflamação
Não me dês cabo da ossadura!

Oh! Mulher, deixa-te disso
Dá-me um beijo que já passa
Volta-te lá p’ó chouriço
Que eu já vi que és de raça!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O petisco.

Dona Perpétua e Senhor Calado
foram ao supermercado.
- Ena pá, tanta moela,
Tanta ervilha enlatada!
Oh Perpétua, tu já viste?
Olha ali há marmelada!
- Não faças caso, Calado,
Anda lá mas é com o carro.
Vê se dás com o presunto
E com o diabo do engarrafado!
Mil voltinhas às travessas,
Tropeços enviesados,
Pães, tremoços e chouriços
P’o petisco tão esperado.
- Viva, viva dona morcela!
Diz Calado, apressado.
- Ai homem, tou mais que tonta,
Deu-me ganas de um abafado!

Lá vão eles, enamorados
Cheios de força e energia.
Andam bem, revitalizados,
O amor fez-se magia
Vão dormir bem abraçados,
E quem sabe até cansados
De tanta, tanta correria.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Nó cego!

Senhor Calado e Dona Perpétua
foram ao café do Cardoso
onde decidiram jantar.
Certo é, que a certa altura
resolveram dar um nó: passaram a namorar!
- Perpétua filha, não sei que te dizer mais..
- Mas, diz Calado! Sempre o mesmo enfandonho!
- Oh Mulher, sabes que tou velho e cansado,
Não me passas as camisas, que eu até te pago um ordenado?
- Sabes que as minhas cruzes não andam famosas e a tábua
já não me faz nada, mas se em troca me passares a pano
e prometeres que descascas as cebolas pó refogado...
-Ai Perpétua, minha donzela engraçadinha,
minha malvada cadelinha, queres dar-me cabo do resto.
- Não, cruzes credo! Quero-te inteiro
e com saudinha. E já agora, tu também comes sardinha?
- Eu não sou esquisito mulher, sabes bem que sou do campo
e do tempo da pouca fartura,
vê tu bem que eu em novo, até lambia a rapadura.
- Sabes que eu sou de Lisboa,
Ai, assim não sei se quero!
Menina de bica e brioche
Não gosta de salgadura.
E além disso,
o meu bairro de nascença é
o rico da Madragoa!
- Oh coisa linda, abelha mestra
da colmeia das setes colinas
Dá-me mas é cá um beijinho e deixa-me
entrar na festa.
-Ai Calado, aqui á vista?
Olha que sou viúva de Coronel
Não sou mulher de andar a granel.
-Mau, então agora recuas?
- Não é bem isso meu tesouro
É que eu só queria deixar uma pista...
- Olha, vou mas é ver a bola
Enquanto tu comes o sorvete
Quando não, não sei que faça
Ao maldito do besouro!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Dona Perpétua e Senhor Calado.

A Dona Perpétua e o Senhor Calado
São um par de enamorados
Nem um pouco enferrujados, porque os tempos
Avançados
Só permitem brincadeiras.
Ela fala que se desunha, ele nem sempre sabe o que quer
Resmungam, criticam, amuam, inventam
Mas, na hora da verdade fica tudo por dizer!

Sentem-se amigos de há anos
Querem juntos um sucesso!
Escrevem cartas, contos, segredos
Leiem textos um ao outro
E entretanto,
Ela dança, pula e ri e
Ele, em silêncio
cora, quando a vê...

Não há dia nem manhã em que não se cumprimentem
Perpétua “Olá, passou bem?”
Calado vai rindo
Mostra-lhe os dentes que tem...
Sentem-se cúmplices os manhosos
Vá-se lá saber porquê!...Tão simpáticos
Carinhosos
Cá pra mim são dois vaidosos
Não querem mal a ninguém.

Perpétua vem do passado
Calado nem passado tem.
Perpétua espera sentada
Calado não sabe ao que vem

Gostam bem um do outro
Já trocaram beijos gostosos
Perpétua admira-lhe o porte
Calado o vestido e o decote...

Querem juntos um sucesso!
Acreditam no saber
Perpétua olha-o de cor
Calado finge não a querer
No fim das contas, dois enamorados
Que procuram o Humor!