quarta-feira, 19 de março de 2008

Nó cego!

Senhor Calado e Dona Perpétua
foram ao café do Cardoso
onde decidiram jantar.
Certo é, que a certa altura
resolveram dar um nó: passaram a namorar!
- Perpétua filha, não sei que te dizer mais..
- Mas, diz Calado! Sempre o mesmo enfandonho!
- Oh Mulher, sabes que tou velho e cansado,
Não me passas as camisas, que eu até te pago um ordenado?
- Sabes que as minhas cruzes não andam famosas e a tábua
já não me faz nada, mas se em troca me passares a pano
e prometeres que descascas as cebolas pó refogado...
-Ai Perpétua, minha donzela engraçadinha,
minha malvada cadelinha, queres dar-me cabo do resto.
- Não, cruzes credo! Quero-te inteiro
e com saudinha. E já agora, tu também comes sardinha?
- Eu não sou esquisito mulher, sabes bem que sou do campo
e do tempo da pouca fartura,
vê tu bem que eu em novo, até lambia a rapadura.
- Sabes que eu sou de Lisboa,
Ai, assim não sei se quero!
Menina de bica e brioche
Não gosta de salgadura.
E além disso,
o meu bairro de nascença é
o rico da Madragoa!
- Oh coisa linda, abelha mestra
da colmeia das setes colinas
Dá-me mas é cá um beijinho e deixa-me
entrar na festa.
-Ai Calado, aqui á vista?
Olha que sou viúva de Coronel
Não sou mulher de andar a granel.
-Mau, então agora recuas?
- Não é bem isso meu tesouro
É que eu só queria deixar uma pista...
- Olha, vou mas é ver a bola
Enquanto tu comes o sorvete
Quando não, não sei que faça
Ao maldito do besouro!